Motivações
Porque o espaço da cidade deve ser assunto de debate entre os cidadãos e o investimento público tem de ser protegido.
Porque os esforços de afirmação de espaços e equipamentos públicos simbólicos não podem ser ameaçados pela voracidade de alguns poderes privados ou pela apatia de alguns poderes públicos.
Porque é a nossa responsabilidade, como cidadãos, proteger os sÃmbolos de Cultura que decidimos erigir enquanto sociedade e não podemos cruzar os braços quando as formalidades negociais se esgotam.
Porque a Casa da Música, em toda a sua complexidade e capacidade de despertar amores e ódios, será, inevitavelmente, um sÃmbolo de um esforço público para afirmar a Arte e a Cultura como pólos dinamizadores da vida da cidade e uma marca da sua identidade contemporânea.
Porque a área envolvente da Casa da Música deve ser protegida como peça de património que é, para garantir um ambiente urbano propÃcio à sua afirmação.
Porque o edifÃcio que a ADICAIS, Investimentos Imobiliários S.A. se propõe construir junto à Casa da Música não se coaduna com a afirmação desse estatuto patrimonial, fragilizando a relação da Casa da Música com a sua envolvente.
Porque a Casa da Música é dos cidadãos e para os cidadãos e o edifÃcio do da ADICAIS não é.
Petição
Afirmando a importância da Casa da Música como futuro sÃmbolo da cidade do Porto, da região norte e do paÃs, quer como objecto arquitectónico singular, quer como esforço de afirmação da Arte e da Cultura como veÃculos de promoção da nossa identidade contemporânea;
Reconhecendo a necessidade de afirmar e fazer respeitar o estatuto patrimonial da Casa da Música, protegendo e ordenando a sua relação com a área envolvente como forma de assegurar a sua dignidade e um ambiente urbano coeso;
Considerando que o edifÃcio proposto pelo arquitecto Ginestal Machado para a ADICAIS, Investimentos Imobiliários S.A., a implantar junto da Casa da Música, dada a sua volumetria e linguagem, não se coaduna com esse estatuto patrimonial, com a possibilidade de desestabilizar o ambiente urbano e, assim, diminuir a importância e impacto desta obra de carácter público;
Reconhecendo que a autarquia e as entidades envolvidas, apesar de cometerem alguns erros na gestão do processo, afirmaram sempre a necessidade de não pôr em causa o interesse público, que era o de garantir as melhores condições para a afirmação da Casa da Música;
Acreditando na necessidade de, mesmo depois de esgotados todos os processos formais, a defesa do interesse público ser garantida;
Os abaixo-assinados, vêm por este meio apelar a todas as entidades envolvidas neste processo (Câmara Municipal do Porto, ADICAIS, Fundação Casa da Música, Ministério da Cultura, IPPAR) e a todas as entidades que poderão intervir em nome do interesse público (Presidência da República, Assembleia da República, Partidos PolÃticos, Presidência do Conselho de Ministros, etc.) para que, dentro das suas competências, façam todos os esforços para impedir a construção do referido edifÃcio, encontrando as soluções de compromisso que permitam salvaguardar o interesse público, implementando uma estratégia urbanÃstica para a zona envolvente da "Casa da Música" que se coadune com o seu valor patrimonial, confirmando este novo equipamento da cidade do Porto como peça singular, pólo de afirmação do papel da Arte e da Cultura na consolidação duma cidade cosmopolita, capaz de celebrar a vida da sua comunidade.